Introdução
Por mais de dois anos, nas minhas palestras, tenho repetido uma frase que, para alguns, parecia provocação: “A IA não é mágica, nem substituto para pensar. Ela é um amplificador de cérebros — e não uma muleta para quem não quer pensar.”
Agora, a ciência confirma.
Um estudo recente do MIT (Your Brain on ChatGPT) fez algo inédito: mediu, com EEG, a atividade cerebral de pessoas que usaram IA generativa (como ChatGPT) para escrever textos. Os resultados são tão reveladores quanto preocupantes.
Os cérebros que utilizaram exclusivamente IA apresentaram menor atividade neural, redes cognitivas menos conectadas e menor capacidade de memória e retenção do próprio conteúdo produzido. Mais do que isso, os participantes sequer conseguiam citar partes dos textos que haviam acabado de gerar. Simplesmente… não se lembravam. A explicação é clara: delegaram o processo cognitivo para a IA.
Isso se chama dívida cognitiva.
O estudo vai além. Participantes que primeiro escreveram sem IA e depois passaram a usar, apresentaram alto desempenho. Por outro lado, quem fez o caminho inverso — usando IA primeiro e depois tentando escrever sozinho — sofreu um colapso cognitivo. Sua capacidade de raciocínio estruturado, memória e elaboração caiu drasticamente.
É exatamente sobre isso que falo há anos nas minhas palestras, workshops e mentorias. A IA, sozinha, não resolve nada. Ela não cria valor quando usada como um atalho mental. Pelo contrário: ela te empobrece intelectualmente se você a usa como muleta.
O verdadeiro potencial da IA está em outra direção: potencializar o cérebro humano e os processos de negócio. Ela deve ser usada para expandir sua capacidade de análise, acelerar tarefas operacionais, gerar insights e transformar dados em decisões inteligentes. Nunca como substituta da sua cognição — mas como sua extensão.
Quando empresas me perguntam: “Deivid, onde está o ROI da IA?”, minha resposta é clara: está em integrar IA aos processos críticos do negócio, orquestrar dados, eliminar ineficiências e transformar o cérebro coletivo da organização. Quem busca IA apenas para automatizar o trivial ou terceirizar pensamento, está investindo errado — e pior, está retrocedendo.
Este estudo não é apenas um alerta. É uma validação científica de tudo o que venho defendendo: IA não é para quem não quer pensar — é para quem quer pensar mais, melhor e mais rápido.
A pergunta que fica é: você está usando IA para fortalecer seu cérebro… ou para atrofiá-lo?